quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Ao Castelo o Cavaleiro



“Ao castelo o cavaleiro”







Ao castelo o cavaleiro
vinha vindo sua via,
sem saber que procurava,
nem saber que encontraria.
As armas eram de ouro,
a lança na mão trazia.
Fechadas eram as portas,
mas com a lança já batia.
As salas eram escuras,
e ninguém nelas vivia.
Só na torre uma princesa
esperava e gemia.
Prisioneira ali ficara
à espera de quem viria,
sem dama que a cuidasse,
ou donzelas e honraria.



Com a lança o cavaleiro
contra as portas investia.
Sentindo as portas forçadas
a princesa gritaria,
se não fora a liberdade
que a lança lhe prometia.
Já se rompem essas portas
com que o pai a defendia
dos homens e suas lanças
que mais que tudo ele temia.
Mas este de lança erguida
já está na sala sombria.
E pela escada da torre
logo logo ali subia,
ao encontro da princesa
de que ele não conhecia.
Ao cimo, ouvindo seus passos,
já a princesa tremia,
e sua lança rebrilhante,
antes de o ver, ela via.
E cega de seu esplendor
aos braços dele corria,
sem contar que a lança em riste
já nela se cravaria.
Mortalmente trespassada
nos braços dele caía,
e morrendo e suspirando
estas palavras dizia:
De longe vinhas, senhor,
de tão grande valentia
para matar-me de morte
que o teu amor não sabia.
Donzela tão bem guardada,
para ti me guardaria,
que nestas salas escuras
só por amor eu vivia.
Descai-lhe morta a cabeça,
mais palavras não diria.
E ao lado da suja lança
o seu sangue refulgia.
Olhando-a morta e donzela
nas lajes em que a estendia,
o cavaleiro jurou
que nunca mais forçaria
as portas desses castelos
com a lança que quebraria.
E os pedaços da lança
que mais que tudo ele queria
enterrou com a princesa
na cova que já lhe abria.
E triste o triste partiu
para seguir sua via
até ao negro mosteiro
em que para sempre estaria.
Mas da cova nascem rosas
que ninguém colher podia
sem que a mão lhe mirrasse
no ramo que se partia:
rosas de sangue e de leite
que só a terra bebia.






Fonte: http://www.lerjorgedesena.letras.ufrj.br/antologias/poesia/as-cantigas-de-d-urraca-e-outros-poemas-medievais/


Pode parecer ser simples, mas poesias são realmente úteis no RPG. Tanto para a ficção, como as grandes lendas dos bardos, como na hora de criar uma aventura/background. Analisando esta poesia, já encontramos vários clichês, como por exemplo a linda princesa presa na torre esperando ser salva por um cavaleiro. Mas nem sempre termina como desejamos, como na poesia acima, pode ser comparada com partidas de RPG, em que o mestre (e os jogadores) sempre improvisa nas horas dramáticas em vez de finalizar com a morte da princesa, ou do rei...


Uma dica para os mestres com dificuldade no tempo de cada partida é fazer com que tudo seja como um teatro. Divida a sua aventura entre Atos e Cenas. Caso o tempo esteja acabando, termine a aventura apenas no fim do Ato mais próximo. As Cenas, meu mestre, você já deve saber como que faz. E nessa parte de teatro, as poesias também podem ajudar... Afinal, obras de arte sempre resolvem os problemas de um RPGista!

Até logo, aventureiros, e que o Acerto Crítico esteja com vocês.

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